BLOG DA PRÔ THAÍS RUSSO

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Hora da história...



Lendas Orientais
O POTE VAZIO





Há muito tempo, na China, vivia um menino chamado Ping, que adorava flores. Tudo o que ele plantava florescia maravilhosamente. Flores, arbustos e até imensas árvores frutíferas desabrochavam como por encanto.Todos os habitantes do reino também adoravam flores.Eles plantavam flores por toda a parte e o ar do país inteiro era perfumado.O imperador gostava muito de pássaros e outros animais, mas o que ele mais apreciava eram as flores.Todos os dias ele cuidava de seu próprio jardim.Acontece que o imperador estava muito velho e precisava escolher um sucessor.Quem poderia herdar seu trono? Como fazer essa escolha?Já que gostava muito de flores, o imperador resolver deixar as flores escolherem.No dia seguinte, ele mandou anunciar que todas as crianças do reino deveriam comparecer ao palácio. Cada uma delas receberia do imperador uma semente especial. – Quem provar que fez o melhor possível dentro de um ano – ele declarou – será meu sucessor.A notícia provocou muita agitação. Crianças do país inteiro dirigiram-se ao palácio para pegar suas sementes de flores.Cada um dos pais queria que seu filho fosse escolhido para ser o imperador, e cada uma das crianças tinha a mesma esperança.Ping recebeu sua semente do imperador e ficou felicíssimo. Tinha certeza de que seria capaz de cultivar a flor mais bonita de todas.Ping encheu o vaso com terra de boa qualidade e plantou a semente com muito cuidado.Todos os dias ele regava o vaso. Mal podia esperar o broto surgir, crescer e depois dar uma linda flor.Os dias se passaram, mas nada crescia no vaso. Ping começou a ficar preocupado. Pôs terra nova e melhor num vaso maior. Depois transplantou a semente para aquela terra escuta e fértil. Esperou mais dois meses e nada aconteceu. Assim se passou o ano inteiro.Chegou a primavera e todas as crianças vestiram suas melhores roupas para irem cumprimentar o imperador. Então correram ao palácio com suas lindas flores, ansiosas por serem escolhidas.Ping estava com vergonha de seu vaso sem flor. Achou que as outras crianças zombariam dele por que pela primeira vez na vida não tinha conseguido cultivar uma flor.Seu amigo apareceu correndo, trazendo uma planta enorme:- Ping, disse ele, você vai mesmo se apresentar ao imperador levando um vaso sem flor? Por que não cultivou uma flor bem grande como a minha?- Eu já cultivei muitas flores melhores do que a sua, disse Ping.- Foi essa semente que não deu nada.O pai de Ping ouviu a conversa e disse:- Você fez o melhor que pôde, e o possível deve ser apresentado ao imperador.Ping dirigiu-se ao palácio levando o vaso sem flor.O imperador estava examinando as flores vagarosamente, uma por uma. Como eram bonitas! Mas o imperador estava muito sério e não dizia uma palavra.Finalmente chegou a vez de Ping. O menino estava envergonhado, esperando um castigo. O imperador perguntou:- Por que você trouxe um vaso sem flor?Ping começou a chorar e respondeu:- Eu plantei a semente que o senhor me deu e a reguei todos os dias, mas ela não brotou. Eu a coloquei num vaso maior com terra melhor, e mesmo assim ela não brotou. Eu cuidei dela o ano todo, mas não deu nada. Por isso hoje eu trouxe um pote vazio. Foi o melhor que eu pude fazer.Quando o imperador ouviu essas palavras, um sorriso foi se abrindo em seu rosto e ele abraçou Ping. Então ele declarou para todos ouvirem:- Encontrei! Encontrei alguém que merece ser imperador!- Não sei onde vocês conseguiram essas sementes, pois as que eu lhes dei estavam todas queimadas. Nenhuma delas poderia ter brotado. Admiro a coragem de Ping, que apareceu diante de mim trazendo a pura verdade. Vou recompensá-lo e torná-lo imperador deste país.Texto extraído do livro: O pote vazio – Demi, Ed. Martins Fontes





















A descoberta da joaninha







(Bella Leite Cordeiro)







Dona Joaninha vai a uma festa em casa da lagartixa. Vai ser uma delícia!Todos os bichinhos foram convidados... Afinal chegou o grande dia. O dia da festa na casa da Lagartixa.Dona Joaninha está feliz. Quer ir muito bonita! Por que assim, todo mundo vai querer dançar e conversar com ela! E ela poderá se divertir a valer!Por isso, colocou uma fita na cabeça, uma faixa na cintura, muitas pulseiras nos braços e ainda levou um leque para se abanar.No caminho, encontrou Dona Formiga na porta de do formigueiro e disse:- Bom dia Dona Formiga! Não vai à festa da lagartixa?- Não posso minha amiga. Ontem fizemos mudança e eu não tive tempo de me preparar...- Não tem problema! Tudo bem! Eu posso emprestar a fita que tenho na cabeça e você vai ficar linda com ela! Quer???- Mas que legal Dona Joaninha! Você faria isso por mim?- Claro que sim! Estou muito enfeitada! Posso dividir com você.Tirou a fita de sua cabeça e a ofereceu para Dona Formiga que, feliz, decidiu ir à festa.Lá se foram as duas. A formiga radiante com a fita na cabeça.Mais adiante, encontraram Dona Aranha na sua teia fazendo renda.- Oi! Aonde vão as duas tão bonitas?- à festa da lagartixa! Você não vai???- Sinto muito! Tive muitas despesas este mês e sem dinheiro não pude me preparar para a festa.- Não seja por isso! Disse a Joaninha - Estou muito enfeitada! Posso bem emprestar as minhas pulseiras... Vão ficar lindíssimas em você!Emprestou suas pulseiras, que ficaram lindas em Dona Aranha.- Que maravilha! Disse a aranha entusiasmada – Sempre tive vontade de usar pulseiras em meus braços! Dona Joaninha, você é legal demais! Sabia?As três, radiantes de felicidade, seguiram rumo à festa.Um pouco adiante, encontraram a Taturana. Como sempre, estava morrendo de calor!- Oi, Dona Taturana! Como vai?- Mal! Muito mal com esse calor! Sabe que nem tenho disposição para ir à festa da Lagartixa.- Ora! Mas para isso dá-se um jeito! Disse a Joaninha muito amável – Posso lhe emprestar o meu leque.E lá se foi também a Taturana, muito alegre, se abanando com o leque, e encantada com a gentileza da amiga. Logo depois, deram de cara com a Minhoca. Que tinha colocado a cabeça pra fora da terra para tomar um pouco de ar.- Dona Minhoca, não vai à festa? Disse a turminha ao passar por ela.- Não dá, sabe? Eu trabalho demais! Quase não dá tempo pra comprar as coisas de que preciso.. E, agora, estou sem ter uma boa roupa boa pra vestir! Sinto bastante! Porque sei que a festa vai ser muito legal! Mas, que se há de fazer?...- Ora, Dona Minhoca – Disse a Joaninha com pena dela – Dá-se um jeito... Posso emprestar a minha faixa e com ela você ficará muito elegante!E emprestou a sua faixa à Minhoca que ficou muito elegante. E seguiu com as amigas para a festa.Dona Joaninha estava tão feliz com a alegria das outras, que nem reparou ter dado tudo o que ela havia posto para ficar mais bonita. Mas, a alegria de seu coração aparecia nos olhos, no sorriso, e em tudo o que ela dizia! E isso a fez tão linda, mas tão linda que ninguém, na festa dançou e se divertiu mais do que ela! Foi então que a Joaninha descobriu que para a gente ficar bonita e se divertir não precisa se enfeitar toda.Basta ter o coração bem alegre que a alegria de dentro deixa a gente bonita por fora.E ela conseguiu essa alegria fazendo todo aquele pessoal ficar feliz!!!



































































O coelhinho que não era de Páscoa















Ruth Rocha





























Vivinho era um coelhinho. Branco, redondo, fofinho.Todos os dias Vivinho ia à escola com seus irmãos.Aprendia a pular, aprendia a correr...Aprendia qual a melhor couve para se comer.Os coelhinhos foram crescendo, chegou a hora de escolherem uma profissão.Os irmãos de vivinho já tinham resolvido:- Eu vou ser coelho de Páscoa como meu pai.- Eu vou ser coelho de Páscoa, como o meu avô.- Eu vou ser coelho de Páscoa como meu bisavô.E todos queriam ser coelhos de Páscoa, como o trisavô, o tataravô, como todos os avôs.Só Vivinho não dizia nada. Os pais perguntavam, os irmãos indagavam:- E você Vivinho, e você?- Bom – dizia Vivinho – eu não sei o que quero ser.Mas sei o que não quero: Ser coelho de Páscoa.O pai de Vivinho se espantou, a mãe se escandalizou e desmaiou:- OOOOOHHHHH!!!Vivinho arranjou uma porção de amigos:O beija-flor Florindo, Julieta a borboleta, e a abelha Melinda.- Onde é que já se viu coelho brincar com abelha?- Os irmãos de Vivinho diziam.Os pais de Vivinho se aborreciam:- Um coelho tem que ter uma profissão.Onde é que nós vamos parar com essa vadiação?- Não se preocupem – Vivinho dizia – estou aprendendo uma ótima profissão.- Só se ele está aprendendo a voar – os pais de Vivinho diziam.- Só se ele está aprendendo a zumbir – os irmãos de Vivinho caçoavam.Vivinho sorria e saía, pula, pulando para se encontrar com seus amigos.O tempo passou. A Páscoa estava chegando.Papai e Mamãe Coelho foram comprar os ovos para distribuir.Mas as fábricas tinham muitas encomendas. Não tinham mais ovinhos para vender.Em todo lugar a resposta era a mesma:- Tudo vendido. Não temos mais nada...O casal Coelho foi a tudo que foi fabrica da floresta.Do seu Antão, do seu João, do seu Simão, do seu Veloso, do seu Matoso,do seu Cardoso, do seu Tônio, do seu Petrônio, seu Sinfrônio.Mas a resposta era sempre a mesma:- Tudo vendido seu Coelho, tudo vendido...Os dois voltaram pra casa desanimados.- Ora essa. Isso nunca aconteceu...- Não podemos despontar as crianças...- Mas nós já fomos a todas as fábricas. Não tem jeito, não...Os irmãos do coelhinho estavam tristes:- Nossa primeira distribuição... Ai que tristeza no coração!...Vivinho vinha chegando com Melinda.- Por que não fazemos os ovos nós mesmos?- É que nós não sabemos. Coelho de Páscoa sabe distribuir ovos. Não sabe fazer!- Pois eu sei – disse Vivinho- Eu sei.- Será que ele sabe? – disse o Pai?- Ele disse que sabe – disseram os irmãos.- Ele sabe, ele sabe – disse a mãe.- E como você aprendeu? – perguntaram todos.- Com meus amigos. Eu não disse que estava aprendendo uma profissão?Pois eu aprendi a tirar o pólen das flores com Julieta e Florindo.E Melinda é a maior doceira do mundo. Me ensinou a fazer tudo o que é doce...A casa da família Coelho virou uma verdadeira fábrica.Todos ajudavam: Papai Coelho, Mamãe Coelha e os coelhinhos...e os amiguinhos também:florindo o beija-flor, a borboleta Julieta e a abelha Melinda, a maior doceira do mundo.E era Vivinho quem comandava o trabalho.E quando a Páscoa chegou, estavam todos preparados.As cestas de ovos estavam prontas. E os pais de Vivinho estavam contentes.A mãe de vivinho disse:- Agora, nosso filho tem uma profissão.E o pai de Vivinho falou:- Cada deve seguir a sua vocação...







































































































A GALINHA E O OVO DE PÁSCOA-





























































Que dia gostoso de sol quentinho – D. Galinha até pensou – Hoje está bom para dar um passeio!!!Empurrou o portão do galinheiro com o bico, e saiu para dar uma voltinha.Cisca daqui, cisca dali... dona galinha deu de cara com uma coisa brilhante, muito estranha. Parecia um ovo! O ovo mais bonito que ela já vira em toda a sua vida...- Que ovo mais enfeitado! Só pode ser um ovo de Pavão!!!Na verdade D. Galinha não sabia que era domingo de Páscoa. E que alguém, havia deixado cair um ovo de chocolate no quintal. Ainda muito desconfiada D. Galinha tocou, escutou, cheirou o ovo e, criou coragem:- Vou levar esse pobre enjeitado para casa.E lá se foi D. Galinha com o ovo pelo bico toda contente. Colocou-o num canto escondido do galinheiro e começou a pensar:- Como vou chocá-lo???A essa altura todo o galinheiro já comentava a história. O Sr. Papagaio que havia enxergado tudo lá do seeu poleiro, dava a notícia aos quatro cantos do terreiro:- Alô??? Atenção para uma notícia chocante: ENCONTRADO UM OVO ENFEITADO COM LAÇO DE FITA AMARELA, FILHO DE PAIS DESCONHECIDOS. MAIS INFORMAÇÕES COM D. GALINHA, NO FUNDO DO QUINTAL!!!E foi aquele corre, corre... Todos queriam ver o tal ovo. Ele era mesmo bonito, diferente mas, meio esquisito. D. Galinha que tinha achado o ovo dizia ser direito seu chocá-lo, mas D. Perua, d. Galinha d’Angola, D. Pata, D. Gansa também queriam chocá-lo.Pronto!!! A confusão estava armada!!! Deixar que outra tivesse a glória de chocar o lindo ovo??? Nem pensar!!! D. Galinha queria para si, todas as honras.- Se quiser comadre – disse D. Gansa - eu posso chocá-lo.- Eu também, estou quase sem serviço em casa – retrucou D. Perua.- Eu ajudo!!!- Eu quero!!!- Eu preciso!!!- Calma, calma...senhoras. Não se incomodem, porque eu mesma vou chocar esse ovo. Quero ter o prazer de ver o lindo bebê que sairá de dentro dele.As comadres cansaram de tanto insistir mas, ainda esperaram algum tempo pra ver se ao menos teriam alguma chance de trocar com D. Galinha a vez de chocar o ovo. Que nada!!! Não tiveram essa chance! D. Galinha, mais do que depressa, se colocou emcima do ovo. Ajeitou-se, abriu as asas para deixa-lo bem quentinho.O tempo foi passando, o calorzinho aumentando e nem sinal do bebê. Às vezes as comadres apareciam para saber notícias do ovo e, para dar palpites:- Como é Comadre, já nasceu? – perguntou D. Carijó.- Senta mais pra frente Comadre, uma pontinha do ovo está de fora... Falou D. Galinha d’Angola.- Abra mais as asas, quem sabe adianta – exclamou D. Pavoa.- Levante um pouco para descansar – disse D. Gansa.De repente... D. Galinha sentiu algo se mexer debaixo dela...- É claro!!! Só podia ser o bebezinho finalmente!!!Saiu de lado e, olhou para baixo de si:- Não entendo... ao invés de quebrar, o ovo encolheu!!!Do ninho ao lado, a D. Pata gritou:- Comadre, Comadre. Desista... isso não dar certo!D. Galinha pensou, pensou e... para não dar o braço a torcer, saiu devagar e sem jeito de cima do ovo. Resolvida a esconde-lo das amigas, carregou-o até a cerca e colocou-o emcima de uma pilha de adubos.- Já que eu não consigo, ninguém mais toca no meu ovo. Amanhã quem sabe, tento denovo.Voltou para o seu ninho e recomeçou a chocar os seus próprios ovinhos, esquecidos até agora.- Com o tempo que perdi, teria chocado uma porção!!!Assim, sempre disfarçando, D. Galinha deixou o tempo passar e, não contou pra ninguém que, desistira do lindo ovo.O dia continuou quase igual a todos os outros. À tardinha como de costume, Pedro apareceu para recolher os ovos dos ninhos espalhados pelo quintal. Naquele dia Pedro demorou mais...Fuça daqui, fuça dali... Todo o galinheiro acompanhava com os olhos:- O que será que ele procurava???As aves começaram a desconfiar.Muito espertos, D. Galinha d’Angola e o Sr. Papagaio já tinham descoberto tudo!!! E então, começaram a dar pistas pra Pedro:- Tá fraco, Tá fraco – gritava D. Galinha d' Angola quando ele estava longe da cerca.- Ta forte, ta forte, ta forte!!! – ajudava o Sr. Papagaio quando Pedro se aproximava dos sacos de adubo.De repente...- Mãe, mãe... Achei, achei!!! - Pedro gritou feliz e correndo em direção a casa, carregando na mão o ovo colorido e enfeitado – Mãe, achei o ovo que o Coelhinho da Páscoa escondeu pra mim, só que tá meio murcho!!!- Coelho??? Páscoa??? Mas... Coelhos não botam ovos!!! D. Galinha entendeu tudo, tudo!!! Como evitar que todos soubessem o que realmente havia acontecido? Mas agora era tarde, pois o galinheiro em peso olhavam fixo pra ela. D. Galinha tonta de vexame e vermelha que nem tomate apenas conseguiu falar:- Só mesmo uma boba como eu, para chocar ovo de chocolate!!!




































































































































































































































































































































































































































































































































Era uma vez uma viúva que tinha duas filhas.A mais velha se parecia tanto com ela, no humor e de rosto, que quem a via, enxergava a própria mãe. Mãe e filha eram tão desagradáveis e orgulhosas que ninguém as suportava. A filha mais nova, que era o retrato do pai, pela doçura e pela educação, era, ainda por cima, a mais linda moça que já se viu. Como queremos bem, naturalmente, a quem se parece conosco, essa mãe era louca pela filha mais velha. E tinha, ao mesmo tempo, uma tremenda antipatia pela mais nova, que comia na cozinha e trabalhava sem parar como se fosse uma criada. Tinha a pobrezinha, entre outras coisas, de ir, duas vezes por dia, buscar água a meia légua de casa, com uma enorme moringa, que voltava cheia e pesada. Um dia, nessa fonte, lhe apareceu uma pobre velhinha, pedindo água: - Pois não, boa senhora - disse a linda moça. E, enxaguando a moringa, tirou água da mais bela parte da fonte, dando-lhe de beber com as próprias mãos, para auxiliá-la. A boa velhinha bebeu e disse: - Você é tão bonita, tão boa, tão educada, que não posso deixar de lhe dar um dom .Na verdade, essa mulher era uma fada, que tinha tomado a forma de uma pobre camponesa para ver até onde ia a educação daquela jovem. - A cada palavra que falar - continuou a fada -, de sua boca sairão uma flor ou uma pedra preciosa. Quando a linda moça chegou a casa, a mãe reclamou da demora. - Peço-lhe perdão, minha mãe - disse a pobrezinha -, por ter demorado tanto. E, dizendo essas palavras, saíram-lhe da boca duas rosas, duas pérolas e dois enormes diamantes. - O que é isso? - disse a mãe espantada -, acho que estou vendo pérolas e diamantes saindo da sua boca. De onde é que vem isso, filha? Era a primeira vez que a chamava de filha. A pobre menina contou-lhe honestamente tudo o que tinha acontecido, não sem pôr para fora uma infinidade de diamantes. - Nossa! - disse a mãe -, tenho de mandar minha filha até a fonte. - Filha, venha cá, venha ver o que está saindo da boca de sua irmã quando ela fala; quer ter o mesmo dom? Pois basta ir à fonte, e, quando uma pobre mulher lhe pedir água, atenda-a educadamente. - Só me faltava essa! - respondeu a mal-educada- Ter de ir até a fonte! - Estou mandando que você vá - retrucou a mãe -, e já. Ela foi, mas reclamando. Levou o mais bonito jarro de prata da casa. Mal chegou à fonte, viu sair do bosque uma dama magnificamente vestida, que veio lhe pedir água. Era a mesma fada que tinha aparecido para a irmã, mas que surgia agora disfarçada de princesa, para ver até onde ia a educação daquela moça. - Será que foi para lhe dar de beber que eu vim aqui? - disse a grosseira e orgulhosa. - Se foi, tenho até um jarro de prata para a madame! Tome, beba no jarro, se quiser. - Você é muito mal-educada - disse a fada, sem ficar brava. - Pois muito bem! Já que é tão pouco cortês, seu dom será o de soltar pela boca, a cada palavra que disser, uma cobra ou um sapo. Quando a mãe a viu chegar, logo lhe disse: - E então, filha? - Então, mãe! - respondeu a mal-educada, soltando pela boca duas cobras e dois sapos. - Meu Deus! - gritou a mãe -, o que é isso? A culpa é da sua irmã, ela me paga. E imediatamente ela foi atrás da mais nova para espancá-la. A pobrezinha fugiu e foi se esconder na floresta mais próxima. O filho do rei, que estava voltando da caça, encontrou-a e, vendo como era linda, perguntou-lhe o que fazia ali tão sozinha e por que estava chorando. - Ai de mim, senhor, foi minha mãe que me expulsou de casa. O filho do rei, vendo sair de sua boca cinco ou seis pérolas e outros tantos diamantes, pediu-lhe que lhe dissesse de onde vinha aquilo. Ela lhe contou toda a sua aventura. O filho do rei apaixonou-se por ela e, considerando que tal dom valia mais do que qualquer dote, levou-a ao palácio do rei, seu pai, onde se casou com ela. Quanto à irmã, a mãe ficou tão irada contra ela que a expulsou de casa. E a infeliz, depois de muito andar sem encontrar ninguém que a abrigasse, acabou morrendo num canto do bosque.
















































































































































































































































































































































































































































































































































































O comprador de sonhos





























































































































































































































Era uma vez no México um índio, camponês sem terra, pastor sem ovelhas... o que fazia dele um peão.Um peão é pobre no começo e mais pobre no final, quando a força para trabalhar o abandona...As pessoas de sua aldeia tinham terras...mas de que serve uma terra onde nada cresce?E para não morrer de fome, o índio, desceu a “sierra mexicana” em busca de trabalho como peão numa plantação de cacau.Durante três anos ele cuidou das árvores e colheu seus frutos... mas não era feliz... tinha saudades de sua “sierra.”Para enfrentar seu destino sonhava com o dia em que finalmente voltaria levando consigo uma mala enorme cheia de presentes...e todos gritariam: “ele voltou...ele voltou...” E todos estariam muito felizes. Ele tinha tanta vontade de ser feliz!Ao final de três longos anos, ele decidiu que era hora de voltar. Recebeu seu salário. Não compreendia muito bem as contas que o capataz fazia... “_Por três anos de trabalho receberá... aluguel e comida a descontar...perda de uma machadinha a descontar... por sua negligencia, dez árvores produziram menos...a descontar...eis, então, seu ganho: três moedas de cobre. O próximo!”O índio se afastou lentamente... em sua mão apenas três moedinhas de cobre. Era tudo!À noitinha chegou à pequena cidade mais próxima. Era alegre, movimentada...as pessoas pareciam felizes. As lojas cheias de coisas maravilhosas...mas caras. Porém, ao passar por uma vitrine de uma loja de doces, ficou deslumbrado. Havia flores, de todas as cores, de açúcar impressionantemente lindas. Uma moeda de cobre...que custava cada uma. Comprou uma charmosa rosa vermelha para presentear Panchita a índia mais linda da aldeia. Agora, com apenas duas moedas comeria pouco, e pronto!Pouco a pouco a cidade foi adormecendo...estava cansado e sentia muita fome, mas preferiu deixar para comer no dia seguinte antes de se colocar a caminho de casa.Foi até a uma fonte pública e bebeu muita água para distrair o estômago... já satisfeito percebeu um homem quase sem forças com uma tigela na mão tentando pegar água. Parecia muito doente. Então, o índio pega a tigela e ajuda o homem a beber a água, como se fosse uma criança...O homem estava tão fraco que era incapaz de segurar a própria tigela e o índio sabia bem do que é que ele sofria...O índio, então correu até um vendedor de tortilhas e pediu uma porção bem farta e pagou com uma moeda de broze... ofereceu a tortilha ao homem que comeu lentamente apreciando cada mordida.O homem, então agradeceu e ofereceu um presente, um pequeno saco:__É para você...A felicidade, talvez...mas eu não sei.Eram sementes redondas e amarelas, da cor do ouro. O índio aceitou e foi embora a procura de um lugar para dormir.Já amanhecerá na porta de um albergue. De dentro vinha um delicioso cheiro de tortilhas. O índio entrou e pediu uma para matar sua fome antes de seguir viagem...Enquanto esperava, um homem descia pelas escadas e disse:__Chica, traga-me rápido a comida e eu lhe contarei um belo sonho...__Sonhei que uma deusa de cabelos longos e negros com a noite...era minha esposa. Nós morávamos bem no meio de uma floresta de ouro... aquele que colhesse um galho de ouro na floresta estaria livre da fome. Neste lugar todos eram felizes e vinham à nossa floresta e colhiam braçadas de galhos de ouro e partilhavam uns com os outros toda essa riqueza e felicidade. E eu olhava toda aquela gente e me sentia ainda mais feliz... Não é belo o meu sonho?O índio ficou impressionado e pensou: “este homem parece ter sorte e tem tudo o que quer, não precisa de um sonho para ser feliz. Se eu gastar minha última moeda com comida, amanhã ainda terei fome. Mas, se eu comprar esse sonho, serei feliz amanhã, e depois, e depois...”Então, aproximou-se do homem e disse:__Quero comprar o seu sonho.O homem ficou assustado e começou a rir.__O que? Você quer comprar o meu sonho? Mas para que ele poderá lhe servir?__Ele me servirá para me fazer feliz. Aqui está o dinheiro.O índio colocou sua última moeda sobre a mesa; o homem não podia acreditar.__Uma moeda? É pouco, mas ainda é muito para pagar um sonho. Guarde seu dinheiro eu lhe dou o sonho.__Não estou mendigando, Quero comprar o seu sonho.Vendo que o índio falava com seriedade e convicção, vendeu-lhe o sonho por uma moeda de cobre.O índio saiu do albergue feliz por ter comprado um bonito sonho e já pegava o caminho quando Chica veio correndo ao seu encontro.__Você vai para “Sierra”? Eu queria que passasse por Achulco, a aldeia onde mora minha mãe.__E o que você quer que eu diga a ela?__Conte a ela seu sonho. Minha mãe é sozinha e triste. Ela ficará feliz com seu bonito sonho.__Mas, eu não sei contar história...__Mas é o seu sonho! Quem poderia conta-lo melhor?Ela então, entregou-lhe uma sacola com tortilhas, pão, tomates e pimenta.__Tome! Este é meu presente para sua viagem.Ele não pode negar o pedido e logo, à tarde chegou ao vilarejo e procurou pela mulher. Curiosos lhe seguiram até a porta da mãe de Chica, queriam saber das novidades. Logo a sala da casa estava cheia, e a mãe de Chica pediu silêncio.__ Este rapaz teve um sonho magnífico e minha filha o mandou aqui para que me contasse. Cada palavra pronunciada é a palavra da verdade. Chica é testemunha.Então, ele contou seu sonho e era realmente lindo e encantou a todos do vilarejo.Pela manhã, estava de partida quando um homem veio procura-lo.__Minha mulher e filhos moram num vilarejo que fica a um dia de caminhada daqui. Se você for passar por lá, poderia contar-lhes seu sonho?O índio consentiu e o homem decidiu segui-lo par ouvir mais uma vez o seu sonho. E a notícia corria de boca em boca... e por varias vezes se desviou de sua rota par contar seu sonho por encomenda de alguém. Mas fazer o que? Só um louco se recusaria a dar alegria aos outros.Até que um dia, finalmente chegou em seu vilarejo. Logo na entrada, viu um bela jovem de cabelos longos e negros com a noite, era Panchita. Seu coração palpitou forte e disse:__Panchita, trouxe-lhe um presente. E lhe entregou a delicada rosa de açúcar vermelha.Todos estavam felizes com sua volta. E à noite, em torno da fogueira, ele contou seu sonho a todos e mostrou as sementes de ouro que havia ganhado e uma senhora idosa aproximou-se e examinou-as e disse:__É um grão d’ixium, o milho. Mas esta felicidade não é para nós...jamais brotará em nossas terras áridas.__Mas vamos plantá-las... junto com meu sonho.E numa bela manhã de outono, o índio correu até os campos e pode ver seu lindo sonho...lá havia uma bela floresta: o milho amadurecera e, de tão bonito, de tão maduro, parecia de ouro. E no meio daquela floresta dourada, Panchita dançava com os cabelos soltos ao vento, cabelos longos e negros como a noite...e, de tão bela, parecia uma deusa!





“lê revê a cheté” (Schnitzer,1977, pp. 65-84) Tradução MexicanaTradução e reconto Gislayne Avelar MatosO contador de histórias é isso... um comprador de sonhos!

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